A primeira tarefa da educação é
ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e
o fascínio do mundo. O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta. O aluno
olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica
mais rico interiormente. E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir
mais alegria e dar mais alegria - que é a razão pela qual vivemos. Os olhos têm
de ser educados para que nossa alegria aumente. Quero ensinar as crianças. Elas
ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para
os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do
banal. Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de
caramujo, o voo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião
na terra. Coisas que os eruditos não veem.
Na escola eu aprendi complicadas
classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. Nenhum
professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore ou para o
curioso das simetrias das folhas. Parece que, naquele tempo, as escolas estavam
mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a
realidade para a qual elas apontam. As palavras só têm sentido se nos ajudam a
ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
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